segunda-feira, 7 de maio de 2012

E o que é mesmo essa tal de Religião?

O Homem e o Simbólico

A experiência interior do ser humano, desde os primórdios dos tempos, tem sido expressa impreterivelmente através de símbolos. O mundo simbólico, originário na noite dos tempos, legado da mais remota Antiguidade, tem sido usado para expressar grande parte do conhecimento, dos sentimentos e sensações humanas. A leitura do símbolo estaria intimamente associada ao crescimento interior e ao autoconhecimento. Sempre houve fatos ou situações cuja leitura exclusivamente intelectual não permitiria uma explicação adequada, em que a realidade nunca era exatamente aquilo que aparentava. Por essa razão é que, desde sempre, os símbolos vêem a dar forma àquilo que não se consegue nomear (GURCO, citado por RAPHAEL, 1991).
            Em todas as culturas, desde as mais primitivas manifestações do religioso como deve ser entendido (religare ) até os mais extremos afastamentos do significado primeiro do mesmo, encontramos o Centro – o centro do mundo como presença comum, mesmo em seus níveis mais simples, acessíveis ou fáceis, como a árvore da vida. Em uma palavra: desde qualquer ângulo que se observe ou considere, a linguagem dos lugares considerados sagrados, sempre denuncia a nostalgia do paraíso. Ou seja, a saudade não controlável que sofre o homem sagrado, do tempo em que tudo era perfeito e que vivia em meio aos deuses – o paraíso.
A palavra Religião foi exaustivamente explorada e não é novo o saber de seu verdadeiro significado, ou, seu significado original: religare – ou seja, voltar a conectar-se com a origem, a origem de si mesmo, o que, filosoficamente coincide com a origem do Todo, do Universo. A verdadeira religião não trata do medo, menos ainda o medo da morte. Na verdade, é mais um atrevimento! Uma tentativa incansável de provar a existência da consciência, e por isso essa busca interminável do homem por esse “não sei quê” que viria a dar significado à sua existência.
 (imagem: Crucificação - Salvador Dalí, 1854)
Observando esse pensamento original do “religare”, poderíamos comparar o conceito de “lugar eleito” com o desejo de recriar o útero, cuja função metafórica seria levar de volta a seu princípio, de volta à sua origem, aquele que fez o caminho de chegada. Descrevendo melhor: uma criatura, um ser inicial, um ponto que parte de uma chispa primordial é gerado, e chega ao mundo terreno através de um “útero” ou uma “ponte”. O desejo do ser humano, como ser religioso e possuidor do sentimento atávico, de uma memória celular, ou de uma memória energética, sempre será o de “voltar para casa”, ou  melhor, de voltar ao princípio, ao paraíso. Voltar ao ponto inicial, supondo ele, que esta vida terrena nada mais é que uma passagem. Um difícil e extenuante processo de aprendizagem, do qual sonha escapar, tentando reduzir desse modo esse seu tempo de evolução, sinônimo de desilusões, dores e também alegrias que vêm todas agregadas à roda da vida ou, para alguns, à roda das reencarnações.

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