O Homem e o Simbólico
A
experiência interior do ser humano, desde os primórdios dos tempos, tem sido expressa
impreterivelmente através de símbolos. O mundo simbólico, originário na noite dos tempos, legado da mais remota
Antiguidade, tem sido usado para expressar grande parte do conhecimento, dos
sentimentos e sensações humanas. A leitura do símbolo estaria intimamente
associada ao crescimento interior e ao autoconhecimento. Sempre houve fatos ou
situações cuja leitura exclusivamente intelectual não permitiria uma explicação
adequada, em que a realidade nunca era exatamente aquilo que aparentava. Por
essa razão é que, desde sempre, os símbolos vêem a dar forma àquilo que não se
consegue nomear (GURCO, citado por RAPHAEL, 1991).
Em todas as culturas, desde as mais
primitivas manifestações do religioso como deve ser entendido (religare ) até os mais extremos
afastamentos do significado primeiro do mesmo, encontramos o Centro – o centro
do mundo como presença comum, mesmo em seus níveis mais simples, acessíveis ou
fáceis, como a árvore da vida. Em uma palavra: desde qualquer ângulo que se
observe ou considere, a linguagem dos lugares considerados sagrados, sempre
denuncia a nostalgia do paraíso. Ou seja, a saudade não controlável que sofre o
homem sagrado, do tempo em que tudo era perfeito e que vivia em meio aos deuses
– o paraíso.
A palavra
Religião foi exaustivamente explorada e não é novo o saber de seu verdadeiro
significado, ou, seu significado original: religare – ou seja, voltar a
conectar-se com a origem, a origem de si mesmo, o que, filosoficamente coincide
com a origem do Todo, do Universo. A verdadeira religião não trata do medo, menos ainda o medo da morte. Na
verdade, é mais um atrevimento! Uma tentativa incansável de provar a existência
da consciência, e por isso essa busca interminável do homem por esse “não sei
quê” que viria a dar significado à sua existência.
(imagem: Crucificação - Salvador Dalí, 1854)
Observando
esse pensamento original do “religare”, poderíamos comparar o conceito de “lugar
eleito” com o desejo de recriar o útero, cuja função metafórica seria levar de
volta a seu princípio, de volta à sua origem, aquele que fez o caminho de
chegada. Descrevendo melhor: uma criatura, um ser inicial, um ponto que parte
de uma chispa primordial é gerado, e chega ao mundo terreno através de um
“útero” ou uma “ponte”. O desejo do ser humano, como ser religioso e possuidor
do sentimento atávico, de uma memória celular, ou de uma memória energética,
sempre será o de “voltar para casa”, ou melhor, de voltar ao princípio, ao paraíso. Voltar
ao ponto inicial, supondo ele, que esta vida terrena nada mais é que uma
passagem. Um difícil e extenuante processo de aprendizagem, do qual sonha
escapar, tentando reduzir desse modo esse seu tempo de evolução, sinônimo de
desilusões, dores e também alegrias que vêm todas agregadas à roda da vida ou, para
alguns, à roda das reencarnações.
Adorei o Blog, parabéns Bea. Bjo Lilian
ResponderExcluirBEM VINDA
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