sexta-feira, 27 de abril de 2012

MEA CULPA, MEA CULPA, MEA CULPA, MEA MÁXIMA CULPA!

Em " A Leste do Éden" John Steinbeck, prêmio Nobel de Literatura de 1962, se refere à saga vivida entre Caim e Abel e nos esclarece sobre esse grande equívoco que conduz a vida da maioria dos cristãos ocidentais desde as traduções do Gênesis que chegaram até nós.

Nós humanos temos a tendência de "terceirizar" ou projetar sobre outrem as responsabilidades sobre nossas escolhas. Ou é culpa do destino, ou de Deus (o preferido), ou do patrão, do pastor, do cônjuge, dos pais, do governo, da economia, enfim, é culpa do primeiro da fila que seja mais fácil de responsabilizar. Mas nunca é nossa culpa ou nossa escolha. Somos vítimas de uma força maior. Essa vitimites,  essa facilidade com que culpamos o outro provém também e principalmente dessa herança.

Quem escreveu o Gênesis foi um homem (ou mulher), numa determinada época, e dirigido a um determinado público, a fim de disseminar uma determinada mensagem.  Em uma das traduções que chegaram até nós, Deus diz mais ou menos o seguinte: "Caim, vais encontrar o Mal, DEVERÁS dominá-lo". Numa outra versão aparece assim: "Caim, vais encontrar o Mal, e o DOMINARÁS!"

Note-se o seguinte: na primeira versão o tradutor nos manipula dizendo DEVERÁS, que temos um chefe supremo, que nos dá ordens e nós, feito cordeiros, obedecemos. Se der errado, a culpa é do chefe supremo! Na segunda versão, a manipulação está no DOMINARÁS, nos informando que o resultado final já está escrito. Trata-se do destino, do qual somos vítimas e sobre o qual não temos poder algum.

John Steinbeck viaja até as raízes do texto original, e extrai a palavra correta para esta mensagem - TIMSHEL -  cuja tradução literal é PODERÁS! E sobre essa singela palavra decorrem quase 2000 anos de engodo (talvez uma das versões convenientes tenha vindo com Constantino, séc IV dC). Você pode pensar: que bobagem, é só uma palavrinha. Nananinanão! As determinações de um Deus dizendo DEVERÁS, DOMINARÁS nos permitem toda a sorte de "terceirizações" como dito aqui antes. Quando esse mesmo Deus nos diz PODERÁS, está nos devolvendo a RESPONSABILIDADE  da escolha. E nos diz também que para ele, tanto faz! Não está nem nos condenando ao inferno ou ao céu. Para Ele não faz diferença.

Um segredinho, usado até hoje nos rituais da Igreja Católica: o famoso MEA CULPA, MEA CULPA, MEA CULPA, MEA MÁXIMA CULPA, trata disso exatamente. Culpa aqui é sinônimo de responsabilidade, ou seja, tudo o que fazemos, escolhemos ou trazemos para nossa vida é nossa única responsabilidade. Essa é a mensagem do Gênesis. Seja para o bem ou para o mal, temos apenas a Lei de Newton como referência: sobre nossas atitudes e escolhas - a cada ação corresponde uma reação...E aí por diante!

quinta-feira, 26 de abril de 2012

O Homem do Abismo! Um passo para o desconhecido.

Kaspar David Friedrich faz parte do grupo dos artistas Românticos. Pintou em sua grande maioria paisagens. São imagens místicas, que refletem a dor da alma do romântico. Há um mistério ao redor do fato de nunca pintar figuras de frente - sempre de costas. Alguns dizem ser porque não sabia pinta-las, mas não é verdade. Era um artista de uma maestria incomparável.

Sua imagens demonstram um espírito introspectivo, taciturno e às vezes mórbido. Mas acima de tudo, suas atmosferas são sempre mágicas! Friedrich perdeu seu irmão mais jovem tentando salvá-lo de um afogamento patinando no gelo. Dizem que nunca se recuperou dessa perda. Suicidou-se afinal em 1840, tendo pintado a própria morte em "O Túmulo de Kaspar David Friedrich". Foi amigo de Goethe, escritor também Romântico.

Em O HOMEM DO ABISMO, Friedrich nos leva a ser o próprio observador que poderia estar diante de um mundo desconhecido, ou a saltar para este ou simplesmente paralisar diante da possibilidade da morte ou de uma outra forma de vida.