CONCEITO DE
ESPAÇO GREGO E ESPAÇO ROMANO
RETROSPECTO
Para os gregos o santuário era o maior representante de sua
arquitetura. Então podemos considerar a concepção de um recinto sagrado, como um
típico representante dos complexos espaciais gregos. A organização das ágoras
em Mileto, Magnésia e Pérgamo, por exemplo, surgem sendo governadas pelas
mesmas leis dos recintos sagrados.
Partenon, Atenas
Uma lei governando o
Universo: na primeira metade do século VI a.C.,
Anaximander introduziu à filosofia grega, a idéia de uma lei governando todos os eventos do Universo. Essa idéia
inspirou o conceito legal de polis, onde
cada um era incondicionalmente um objeto. Anaximander dizia que seria necessário
que todas as coisas deveriam passar, necessariamente, por aquilo para o qual
nasceram. Cada um deveria pagar a pena e a compensação por suas injustiças de
acordo com a ordenação do tempo (DOXIADES, 1972).
Quando um homem pára diante de uma
paisagem, e olha ao seu redor, vê as
variadas formas como parte de um sistema do qual ele é o centro, e no qual
todos os pontos do plano estão, por suas distâncias dele. Se ele quer
estabelecer a posição de uma árvore, por exemplo, nota que ela está a sua
esquerda a uma distância de aproximadamente 7 passos e que a segunda árvore
está como que há 14 passos de sua
esquerda, ou ao dobro da distância da primeira. Ele não estabelece automaticamente a
posição das árvores em relação a coordenadas abstratas, ele usa um planejamento
espacial. O fator determinante na escolha foi o ponto de vista humano. Esse
ponto foi estabelecido como primeira e mais importante posição, da qual toda a
área poderia ser observada; usualmente, esta era a entrada principal das
construções.
Neste detalhe nota-se a primeira
grande diferença entre os templos gregos e os romanos, por exemplo, o Panteão de Roma, de Adriano.
Para os primeiros, o exterior era o espaço a ser valorizado ou a ser visto pelas
pessoas. Seus templos foram construídos para serem vistos desde fora – dentro,
somente a gigantesca estátua do deus ou deusa gregos. Sua magnitude era
externa. Para os romanos, o interior era o mais importante (CORREIA, 2003).
Panteão de Roma, desenhos de Piranesi
Os Pitagóricos, os Eleáticos como também os filósofos da Ática, ou quase
todas as escolas filosóficas gregas (exceto a jônica), mantinham a idéia de que
o Universo era finito, ou seja, que o espaço era finito. Aristóteles oferece
diversas provas da natureza “finita” do espaço, quando dizia que cada corpo
sensível teria ao mesmo tempo peso e luminosidade. Indo mais além, dizia que cada
corpo sensível estaria em algum lugar, e a partir desse lugar existiriam 6
lados: acima e abaixo, antes e depois, direita e esquerda, e que isto tudo não
poderia existir em um corpo considerado infinito.
Assim, para os gregos o espaço era o que ficava entre
edifícios, para os romanos não existia essa importância do externo, do
invólucro da placenta, não havia o porquê do fora, melhor seria o dentro:
o Panteão de Roma, apesar de magnífico também desde fora (em seus tempos
originais), nem se compara com o espetáculo interior (DOXIADES, 1972).