quinta-feira, 10 de maio de 2012

CONCEITO DE 
ESPAÇO GREGO E ESPAÇO ROMANO
RETROSPECTO

Para os gregos o santuário era o maior representante de sua arquitetura.  Então podemos considerar  a concepção de um recinto sagrado, como um típico representante dos complexos espaciais gregos. A organização das ágoras em Mileto, Magnésia e Pérgamo, por exemplo, surgem sendo governadas pelas mesmas leis dos recintos sagrados.
Partenon, Atenas
Uma lei governando o Universo: na primeira metade do século VI a.C., Anaximander introduziu à filosofia grega, a idéia de uma lei governando  todos os eventos do Universo. Essa idéia inspirou o conceito legal de polis, onde cada um era incondicionalmente um objeto. Anaximander dizia que seria necessário que todas as coisas deveriam passar, necessariamente, por aquilo para o qual nasceram. Cada um deveria pagar a pena e a compensação por suas injustiças de acordo com a ordenação do tempo (DOXIADES, 1972).
Quando um homem pára diante de uma paisagem, e olha  ao seu redor, vê as variadas formas como parte de um sistema do qual ele é o centro, e no qual todos os pontos do plano estão, por suas distâncias dele. Se ele quer estabelecer a posição de uma árvore, por exemplo, nota que ela está a sua esquerda a uma distância de aproximadamente 7 passos e que a segunda árvore está  como que há 14 passos de sua esquerda, ou ao dobro da distância da primeira. Ele não estabelece   automaticamente a posição das árvores em relação a coordenadas abstratas, ele usa um planejamento espacial. O fator determinante na escolha foi o ponto de vista humano. Esse ponto foi estabelecido como primeira e mais importante posição, da qual toda a área poderia ser observada; usualmente, esta era a entrada principal das construções.
Neste detalhe nota-se a primeira  grande diferença entre os templos gregos e os romanos,  por exemplo, o Panteão de Roma, de Adriano. Para os primeiros, o exterior era o espaço a ser valorizado ou a ser visto pelas pessoas. Seus templos foram construídos para serem vistos desde fora – dentro, somente a gigantesca estátua do deus ou deusa gregos. Sua magnitude era externa. Para os romanos, o interior era o mais importante (CORREIA, 2003).

Panteão de Roma, desenhos de Piranesi

Os Pitagóricos, os Eleáticos como também os filósofos da Ática, ou quase todas as escolas filosóficas gregas (exceto a jônica), mantinham a idéia de que o Universo era finito, ou seja, que o espaço era finito. Aristóteles oferece diversas provas da natureza “finita” do espaço, quando dizia que cada corpo sensível teria ao mesmo tempo peso e luminosidade. Indo mais além, dizia que cada corpo sensível estaria em algum lugar, e a partir desse lugar existiriam 6 lados: acima e abaixo, antes e depois, direita e esquerda, e que isto tudo não poderia existir em um corpo considerado infinito.
Assim, para os gregos o espaço era o que ficava  entre edifícios, para os romanos não existia essa importância do externo, do invólucro da placenta, não havia o porquê do fora, melhor seria o dentro: o Panteão de Roma, apesar de magnífico também desde fora (em seus tempos originais), nem se compara com o espetáculo interior (DOXIADES, 1972).

segunda-feira, 7 de maio de 2012

E o que é mesmo essa tal de Religião?

O Homem e o Simbólico

A experiência interior do ser humano, desde os primórdios dos tempos, tem sido expressa impreterivelmente através de símbolos. O mundo simbólico, originário na noite dos tempos, legado da mais remota Antiguidade, tem sido usado para expressar grande parte do conhecimento, dos sentimentos e sensações humanas. A leitura do símbolo estaria intimamente associada ao crescimento interior e ao autoconhecimento. Sempre houve fatos ou situações cuja leitura exclusivamente intelectual não permitiria uma explicação adequada, em que a realidade nunca era exatamente aquilo que aparentava. Por essa razão é que, desde sempre, os símbolos vêem a dar forma àquilo que não se consegue nomear (GURCO, citado por RAPHAEL, 1991).
            Em todas as culturas, desde as mais primitivas manifestações do religioso como deve ser entendido (religare ) até os mais extremos afastamentos do significado primeiro do mesmo, encontramos o Centro – o centro do mundo como presença comum, mesmo em seus níveis mais simples, acessíveis ou fáceis, como a árvore da vida. Em uma palavra: desde qualquer ângulo que se observe ou considere, a linguagem dos lugares considerados sagrados, sempre denuncia a nostalgia do paraíso. Ou seja, a saudade não controlável que sofre o homem sagrado, do tempo em que tudo era perfeito e que vivia em meio aos deuses – o paraíso.
A palavra Religião foi exaustivamente explorada e não é novo o saber de seu verdadeiro significado, ou, seu significado original: religare – ou seja, voltar a conectar-se com a origem, a origem de si mesmo, o que, filosoficamente coincide com a origem do Todo, do Universo. A verdadeira religião não trata do medo, menos ainda o medo da morte. Na verdade, é mais um atrevimento! Uma tentativa incansável de provar a existência da consciência, e por isso essa busca interminável do homem por esse “não sei quê” que viria a dar significado à sua existência.
 (imagem: Crucificação - Salvador Dalí, 1854)
Observando esse pensamento original do “religare”, poderíamos comparar o conceito de “lugar eleito” com o desejo de recriar o útero, cuja função metafórica seria levar de volta a seu princípio, de volta à sua origem, aquele que fez o caminho de chegada. Descrevendo melhor: uma criatura, um ser inicial, um ponto que parte de uma chispa primordial é gerado, e chega ao mundo terreno através de um “útero” ou uma “ponte”. O desejo do ser humano, como ser religioso e possuidor do sentimento atávico, de uma memória celular, ou de uma memória energética, sempre será o de “voltar para casa”, ou  melhor, de voltar ao princípio, ao paraíso. Voltar ao ponto inicial, supondo ele, que esta vida terrena nada mais é que uma passagem. Um difícil e extenuante processo de aprendizagem, do qual sonha escapar, tentando reduzir desse modo esse seu tempo de evolução, sinônimo de desilusões, dores e também alegrias que vêm todas agregadas à roda da vida ou, para alguns, à roda das reencarnações.