quinta-feira, 24 de maio de 2012


O termo Renascimento é comumente aplicado à civilização européia que se desenvolveu entre 1300 e 1650. Além de reviver a antiga cultura greco-romana, ocorreram nesse período muitos progressos e incontáveis realizações no campo das artes, da literatura e das ciências, que superaram a herança clássica. O ideal do humanismo foi sem duvida o móvel desse  progresso e tornou-se o próprio espírito do Renascimento. Num sentido amplo, esse ideal pode ser entendido como a valorização do homem (Humanismo) e da natureza, em oposição ao divino e ao sobrenatural, conceitos que haviam impregnado a cultura da Idade Média. 

 
Podemos definir o advento da grande Peste Negra em 1357, que arrasou 2/3 da população da Europa , como o agente propulsor do Renascimento. Até então, o homem estava submetido aos desígnios e a vontade de Deus. A morte, o pecado, o céu e o inferno eram fatos e  fenômenos que dependiam de suas determinações. Com o efeito devastador da Peste, com pessoas de todos os calibres, pobre e ricos, morrendo a rodo por todas as partes, levou-os à consideração de que os acontecimentos  relativos à vida e à sorte humanas independiam de Deus. Foi então que se passou a ver a figura de Jesus como a de um simples homem, extraordinário, mas humano. Divinisado, passou a agir como mecenas, o provedor das artes, o príncipe que desatou a construir obras destinadas ao culto das artes, igrejas, jazigos, capelas mortuárias onde ele mesmo, homem de poder,  seria colocado na posição priviligiada que antes era destinada ao Deus.

Até então o artista ainda era chamado de artesão e sua atividade estava diretamente submissa às legislações gremiais (sindicatos de ofícios). Em geral o artesão seguia o ofício de seu pai e seu acesso ao grêmio dependia da concordância dos mesmos. O arquiteto Bruneleschi (1372/1446), de Florença,  é o primeiro a romper com os grêmios. Começa a construir a cúpula da Catedral de Santa Maria del Fiori, que não havia sido construída por falta de uma tecnologia apropriada que suportasse seu tamanho. Bruneleschi desenvolveu a técnica que tornaria possível sua construção. O grêmio de pedreiros tentou embargar sua participação por ele não fazer parte do mesmo. Como a continuidade da obra foi impossível para qualquer outro arquiteto, foram obrigados a dobrar-se a Bruneleschi para que a obra fosse terminada. Ele pôde cobrar quanto achou correto, independente da concordância do grêmio. É a primeira semente da liberdade artística. A partir daqui a arte passou a tomar forma livre e independente, cuja criação proviria somente do desejo do contratante e a criatividade do artista.
 

 
Pela primeira vez na história o artista é passado a ser visto como uma figura proeminente, indispensável, cultuada e privilegiada. Agora sua arte era assinada. Sua pessoa seria, a partir daqui, parte integrante da vida de corte, da sociedade culta e abonada. Nem todos ricos e famosos, mas todos respeitados e admirados por seu dom, a arte.

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