O termo Renascimento é comumente aplicado à
civilização européia que se desenvolveu entre 1300 e 1650. Além de reviver a
antiga cultura greco-romana, ocorreram nesse período muitos progressos e
incontáveis realizações no campo das artes, da literatura e das ciências, que
superaram a herança clássica. O ideal do humanismo foi sem duvida o móvel desse progresso e tornou-se o próprio espírito do
Renascimento. Num sentido amplo, esse ideal pode ser entendido como a
valorização do homem (Humanismo) e da natureza, em oposição ao divino e ao
sobrenatural, conceitos que haviam impregnado a cultura da Idade Média.
Podemos definir o advento da grande Peste Negra em
1357, que arrasou 2/3 da população da Europa , como o agente propulsor do
Renascimento. Até então, o homem estava submetido aos desígnios e a vontade de
Deus. A morte, o pecado, o céu e o inferno eram fatos e fenômenos que dependiam de suas determinações.
Com o efeito devastador da Peste, com pessoas de todos os calibres, pobre e
ricos, morrendo a rodo por todas as partes, levou-os à consideração de que os
acontecimentos relativos à vida e à
sorte humanas independiam de Deus. Foi então que se passou a ver a figura de
Jesus como a de um simples homem, extraordinário, mas humano. Divinisado,
passou a agir como mecenas, o provedor das artes, o príncipe que desatou a
construir obras destinadas ao culto das artes, igrejas, jazigos, capelas
mortuárias onde ele mesmo, homem de poder,
seria colocado na posição priviligiada que antes era destinada ao Deus.
Até então o artista
ainda era chamado de artesão e sua atividade estava diretamente submissa às
legislações gremiais (sindicatos de ofícios). Em geral o artesão seguia o
ofício de seu pai e seu acesso ao grêmio dependia da concordância dos mesmos. O
arquiteto Bruneleschi (1372/1446), de Florença,
é o primeiro a romper com os grêmios. Começa a construir a cúpula da Catedral de Santa Maria del Fiori, que não havia
sido construída por falta de uma tecnologia apropriada que suportasse seu
tamanho. Bruneleschi desenvolveu a técnica que tornaria possível sua construção. O grêmio de pedreiros tentou embargar sua
participação por ele não fazer parte do mesmo. Como a continuidade da obra foi
impossível para qualquer outro arquiteto, foram obrigados a dobrar-se a
Bruneleschi para que a obra fosse terminada. Ele pôde cobrar quanto achou
correto, independente da concordância do grêmio. É a primeira semente da
liberdade artística. A partir daqui a arte passou a tomar forma livre e
independente, cuja criação proviria somente do desejo do contratante e a
criatividade do artista.
Pela primeira vez na história o artista é passado a
ser visto como uma figura proeminente, indispensável, cultuada e privilegiada.
Agora sua arte era assinada. Sua pessoa seria, a partir daqui, parte integrante da vida de corte,
da sociedade culta e abonada. Nem todos ricos e famosos, mas todos respeitados
e admirados por seu dom, a arte.